terça-feira, 7 de junho de 2011

Introdução

As anemias são conceituadas como a redução proporcional do número de glóbulos vermelhos ou a redução da quantidade de hemoglobina contida nos glóbulos vermelhos. A redução da quantidade das hemácias ou do seu conteudo de hemoglobina podem ocorrer por perdas sanguineas, pela redução da produção de glóbulos vermelhos, por destruição excessiva dos glóbulos vermelhos (hemólise) ou por uma combinação desses fatores.
Algumas anemias podem ser decorrentes de um simples regime alimentar inadequado, enquanto outras podem sinalizar para a presença de câncer ou outras doenças igualmente graves.
Os níveis do hematócrito e da hemoglobina, encontram-se abaixo dos valores normais.
Um indivíduo adulto está anêmico, quando a cifra absoluta de hemoglobina está abaixo de 13g/100ml (13 gramas de hemoglobina em cada 100ml de sangue). A hemoconcentração ou a hemodiluição podem alterar o resultado do hematócrito e mascarar o diagnóstico de anemia.

As anemias podem ser provenientes da insuficiente produção de hemácias (anemias hipoproliferativas) ou da sua excessiva destruição no organismo A viscosidade do sangue pode cair muito quando a anemia é grave. Com isto a resistência do fluxo sanguineo nos vasos periféricos diminui e, como forma de compensação, aumenta o retorno de sangue ao coração. Este é um dos principais efeitos deletérios da anemia; uma sobrecarga ao bombeamento do coração.
Existem diversas classificações para as anemias. Por razões didáticas, vamos considerar que as anemias são divididas em três grupos principais:
1. Anemias por perdas sanguíneas,
2. Anemias hipoproliferativas (causadas por deficiência de produção e maturação das hemácias), e
3. Anemias hemolíticas (decorrentes do excesso de destruição das hemácias).
Entre as anemias hipoproliferativas estão as anemias ferropriva, aplástica, mielotísica, megaloblástica (deficiência de vitamina B12 e ácido fólico), anemias da doença renal, das doenças crônicas e auto-imunes.
As anemias hemolíticas podem ser hereditárias ou adquiridas. Entre as anemias hemolíticas hereditárias, encontramos a esferocitose hereditária, anemia falciforme e outras hemoglobinopatias (hemoglobina C, deficiência de glicose-6-fosfato desidrogenase e a talassemia, também chamada de anemia de Cooley. As anemias hemolíticas adquiridas são: anemia hemolítica imunológica, hemoglobinúria paroxística noturna, hiperesplenismo, anemias associadas à infecções, anemia de células em esporão, hemólise em válvulas cardíacas mecânicas, anemia hemolítica microangiopática e eritroblastose fetal.
            A anemia ferropriva, um tipo de anemia hipoproliferativa, ocorre quando o total de ferro no organismo está abaixo do norma, oque dificulta a produção de hemoglobina. É a anemia encontrada com maior freqüência.
As principais condições que levam à anemia ferropriva são: perda sanguínea crônica, sangramento gastrointestinal, gestações multiplas, absorção gastrointestinal de ferro dificultada, fontes dietéticas de ferro inadequadas, aumento das necessidades de ferro (gravidez e crescimento) e menstruação excessiva.

O Ferro é um componente de todos os organismos vivos. Este elemento participa de reações de transferências de elétrons, ferro ferroso (Fe2+) – Ferro Férrico (Fe3+), está presente em citocromos e enzimas.
Cerca de 1 a 2 mg de ferro são absorvidos e perdidos pelo organismo diariamente. O ferro  é absorvido pelos vilos do duodeno e jejuno proximal, circula no plasma ligado à transferrina. 80% é incorporado à hemoglobina, outra grande parte é incorporado à mioglobina. O ferro é estocado na forma de ferritina (Hidrossolúvel) e hemossiderina (Lipossolúvel) em hepatócitos e sistema fagocítico mononuclear. 

Sintomas da anemia ferropriva

Quando a deficiência de ferro é grave, além dos sintomas da anemia (palidez, fadiga, respiração superficial, cefaléia, distúrbios mentais e tonteiras) existe a predisposição ao aparecimento de angina pectoris, especialmente se tiverem doença coronariana associada.
O paciente pode apresentar unhas delgadas e côncavas, língua lisa e dolorida e o fenômeno da pica (desejo de ingerir substâncias imprópias para a alimentação).


Sintomas observados na anemia ferropriva: coiloníquia e estomatite.

O diagnóstico é feito através do hemograma, que mostra microcitose (hemácias de menor diâmetro que o normal) e hipocromia (hemácias menos coradas que o normal), da dosagem do ferro sérico e da ferritina que devem apresentar valores baixos (<15 na ferropriva; (homens : normal - 50 a 150 µg/L mulheres : normal - 15 a 50 µg/L).



Hipocromia e microcitose são alterações encontradas nos eritrócitos de pacientes anêmicos.


Tratamento

O sulfato ferroso é o medicamento usado no tratamento das anemias ferroprivas. Apesar de ser melhor absorvido pelo estômago vazio, recomenda-se a administração após as refeições, para minimizar a irritação gástrica que costuma produzir.O sulfato ferroso não deve ser administrado com leite, tetraciclinas, alumínio ou magnésio, que reduzem a sua absorção. O paciente deve ser orientado quanto à possibilidade de dispepsia e mudança na coloração das fezes (cinza escuro ao negro), bem como para a necessidade de higiene oral frequente, para evitar depósito de ferro nos dentes e gengivas.
Também faz parte do tratamento a ingesta de alimentos ricos em ferro tais como: fígado bovino, carnes, espinafre, , feijão, ameixa, maçã, uva e alface.


Curiosidades:

Cada eritrócito contém um bilhão de átomos de ferro. No metabolismo normal isto corresponde à incorporação de 2·1020 átomos por dia.

A reciclagem fisiológica é tão eficiente que apenas 1 a 1,5mg de ferro, proveniente da absorção intestinal, é necessário para manter o balanço interno.

Objetivo do blog

Reunir e divulgar informações relacionadas à anemia ferropriva, desde sua etiopatogenia até novidades em diagnóstico e tratamento da mesma, contribuindo assim para um melhor entendimento sobre esta patologia.

Plano de aula


Nomes dos professores: Andressa Galvão, Lo-Ruamma, Maria Otília, Mayara Gabriele e Stéfani Kárita.


Público-alvo: Alunos do 3º ano do ensino médio.


Data da aula: 05/04/11


Tema da aula: Anemia ferropriva


Eixo temático: Hematologia


Objetivos: Definir anemias e discorrer sobre a anemia ferropriva.


Competências:

- Compreender a patologia anemia e saber diferenciar a ferropriva das demais.

Habilidades:

- Identificar a anemia ferropriva.
- Interpretar o quadro diagnóstico de anemia ferropriva.


Recursos didáticos:
Data show, quadro


Metodologia:

Apresentação: (professor)

- Explicação a respeito das anemias, seus diferentes tipos e causas utilizando o quadro.

Desenvolvimento: (professor)

- Descrição do metabolismo do ferro, utilizando o quadro;
- Explicação sobre a anemia ferropriva, suas causas e incidência, utilizando o data show;
- Apresentação dos sintomas da anemia ferropriva, utilizando o quadro e data show;
- Caracterização das técnicas diagnósticas mais usadas para detecção da anemia ferropriva, utilizando o quadro e data show;
- Discussão sobre as formas de tratamento utilizadas para a anemia ferropriva.


Fechamento: (professor e aluno)

- Discussão para esclarecimento de quaisquer dúvidas.

Duração da aula: 25 min.


Avaliação:

- Exercício em grupo (4 grupos): 7 questões para serem julgadas como verdadeiro ou falso, sem consulta;
- Correção em sala com os alunos;
- O grupo que acertar mais questões ganhará uma premiação;

Bibliografia usada:

SOUSA, Maria Helena L.; ELIAS, Décio Oliveira. Princípios de Hematologia e Hemoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Alfa Rio, 2005.

CARVALHO, M.C.; BARACAT, E.C.E.; SGARBIERI, V.C. Anemia ferropriva e anemia de doença crônica: Distúrbios do metabolismo do ferro. Newslab. E. 81, p. 92-97, 2007.

NASCIMENTO, Maria de Lourdes Pires. Anemias Microcíticas Hipocrômicas, Metabolismo do Ferro e Zinco Protoporfirina Eritrocitária - Revisão de Literatura. NewsLab. Ed. 102, p. 146-152, 2010.

Artigos

Alguns artigos para maior aprofundamento no assunto:





Vídeos




Referências

Algumas de nossas referências para este blog:

CANCADO, Rodolfo D.  e CHIATTONE, Carlos S.. Anemia ferropênica no adulto: causas, diagnóstico e tratamento. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., vol.32, n.3, p. 240-246, june  2010.
GROTTO, Helena Z. W.. Diagnóstico laboratorial da deficiência de ferro. Rev. Bras. Hematol. Hemoter, vol.32, n.2, p. 22-28, may, 2010.
GROTTO, Helena Z. W.. Metabolismo do ferro: uma revisão sobre os principais mecanismos envolvidos em sua homeostase. Rev. Bras. Hematol. Hemoter., vol.30, n.5, p. 390-397, 2008.
LEAL, Luciana Pedrosa e OSORIO, Mônica Maria. Validação e reprodutibilidade de sinais clínicos no diagnóstico de anemia em crianças. Cad. Saúde Pública, vol.21, n.2, p. 565-572, 2005.
SOUSA, Maria Helena L.; ELIAS, Décio Oliveira. Princípios de Hematologia e Hemoterapia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Alfa Rio, 2005.